A Pesca Submarina é usualmente definida como a pratica de uma actividade, cujo objecto consiste na captura de espécies marinhas, no seu próprio habitat, ou seja, submerso na água. Pode ser realizada em zonas de água doce, embora seja a actividade exercida predominantemente no mar. Denominada-se Pesca Submarina e não Caça Submarina, por várias razões: em primeiro lugar, a actividade consiste captura de espécies marinhas, e desde sempre estas foram objecto de pesca e não de caça; em segundo plano aquele que pesca, geralmente é tido como pescador e não como caçador; e em terceiro e último ponto federações e associações, na sua maioria adoptam esta expressão.
Permitam-me discordar com a definição geralmente dada e aceite de Pesca Submarina. Ela está parcialmente certa, e afirmo parcialmente, porque ainda está incompleta. É certo que esta é uma actividade de captura de espécies marinhas (geralmente peixe e moluscos), no seu próprio habitat. Porém esta definição necessita de ser mais explícita e mais completa. Tendo a definir Pesca Submarina da seguinte forma: é a actividade subaquática, onde o praticante, unicamente com o seu fôlego, submerge, equipado com uma arma de elásticos ou de ar comprimido, de forma a poder capturar, as espécies marinhas devidamente e cautelosamente seleccionadas por si, garantindo sempre que o espécime em questão já se reproduziu.
E esta não é uma definição despromovida de conteúdo, nem pretende utilizar uma expressão mais formal para se dizer o mesmo que inicialmente se apresentou. Esta definição assenta em três pontos essenciais: praticante/pescador, espécies/exemplares e a selecção criteriosa na captura dos exemplares. Podemos procurar um maior alcance em cada um destes pontos. O praticante/pescador é o sujeito, que como o nome indica, pratica este tipo de actividade. Dito desta forma, o conceito seria demasiado redundante. O pescador submarino é na verdade mais que um prática de uma simples actividade. A pesca submarina não é só uma, e simples actividade, é também um modo de vida, um modo de estar e ser e a cima de tudo um modo consciente e autêntico de interagir com a Natureza, respeitando-a ao máximo. Por isso, atrevo-me a definir, com o perigo subjacente que às generalizações, que o pescador submarino, é o indivíduo que realiza a prática da pesca submarina, tendo como valores intrínsecos a selecção e o cuidado pela preservação e reprodução das espécies que captura, reservando sempre o devido respeito pelos seus próprios limites e pelo mar. Quanto às espécies/exemplares, remetemos inicialmente para a página referente à Legislação em vigor, de modo a identificar as espécies cuja pesca é permitida. As espécies, são de forma geral o objectivo do pescador. Este realiza a sua actividade com vista à captura das suas espécies marinhas. O exemplar pretendido pelo pescador deve ser sempre, reafirmo, sempre, maior do que aquilo que é legalmente admitido. E porquê? Porque é próprio da pesca submarina o pescador superar-se a ele próprio e desvendar as suas capacidades. Estou certo de que muitos dos pescadores que já têm alguma experiência, facilmente se desinteressam por exemplares, que aos seus primeiros mergulhos tanto cobiçavam e pretendiam. O exemplar, deve ser devidamente seleccionado, por forma a garantir a continuidade da espécie, bem como garantir o menor impacto da sua pesca. Este ponto que agora analisamos, tem subjacente uma questão muito importante: o impacto ambiental; e forma a ponte para o terceiro e último elemento da definição dada. A selecção cuidadosa dos exemplares, deve ser, como já referido, o valor principal de cada pescador. Assim o é, porque a pesca submarina demarca-se de todas os outros tipos de pesca exactamente por esta questão. Os exemplares, são devidamente seleccionados pelo pescador, evitando a captura aleatória de espécies e garantido um maior respeito pelo mar e seus habitantes. Este é o tipo de pesca mais consciente, sustentável e ecológico que existe. Supera mesmo as alternativas existentes à pesca que existem, como por exemplo a aquicultura. O seu impacto ambiental é basicamente nulo e não representa qualquer valor substancial face aos outros tipos de pesca. Ainda que este tema seja fortemente contestado e surjam um pouco por toda a Internet informações de que a pesca submarina causa impacto nas espécies, as regras e resultados da experiência sugerem precisamente o contrário. E como a experiência não se baseia em estudos nem em lobbys a verdade é apenas uma: a pesca submarina é de todas, aquela que mais respeita os oceanos e toda a vida marinha.
Tomada em consideração esta definição importa ainda analisar uma outra perspectiva relacionada com esta actividade. Perspectiva essa, que se refere justamente a todo o conceito da pesca submarina. Principio por afirmar então, que esta modalidade é digna dos maiores e mais rasgados elogios. Em primeiro lugar, porque mais do que uma modalidade ou desporto é uma incrível forma de interacção com o meio aquático; e depois porque neste meio, o pescador deixa de estar na sua zona de conforto para estar no ambiente das espécies que pretende capturar. Dificilmente se vê idêntico noutras modalidades ou actividades. Além disto, há que ter consciência, sem qualquer tipo de alarmismos, que neste meio, o pescador desce gentilmente alguns lugares na cadeia alimentar. Esta é por isso uma actividade empolgante, pois obriga o pescador a adaptar-se a um meio que não é seu e a lutar pelo seu objectivo. A interacção que a pesca submarina permite, criam também experiências únicas em cada praticante, memórias inesquecíveis e imagens excepcionais e espontâneas que só a natureza nos sabe oferecer e que com certeza nos marcarão para sempre.



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